A arquitetura deve ter sempre como base o respeito pelo património histórico, não se deixando condicionar totalmente pelo contexto, para que haja evolução e desenvolvimento, mas para que se possa observar essa evolução de forma histórica, cultural, sociológica e patrimonial.
Há quem aponte o início da arquitetura para 10.000 anos antes de Cristo, na Idade da Pedra onde, pela primeira vez, foram usados materiais rudimentares para a construção de abrigos. Daqui aos dias de hoje, passando pelas diferentes fases da História e diferentes correntes artísticas, muito mudou. Aquilo que no séc. XIV foi construído como algo moderno e atual, hoje faz parte da nossa história e é olhado com interesse e entusiasmo como uma construção antiga e de acordo com correntes e cânones da época. Hoje, ao construir ou reconstruir, a arquitetura tem um papel cada vez mais importante no respeito pelo património histórico.
No atelier Almeida Fernandes Arquitetura & Design, os nossos projetos são inspirados no contexto em que se encontram, quer sejam sociológicos, materiais, históricos, e têm a ambição de espelhar e inovar através do seu ambiente cultural. Esta é a riqueza da arquitetura que, bem enquadrada no seu ambiente, ganha valor.
Mas é muito diferente criar um novo projeto que se enquadre na envolvência, do que deixar condicionar pelas construções já existentes. Não vamos criar uma nova construção toda de acordo com a arquitetura do século XVIII, só porque existem construções destas no local.
Este é o primeiro passo indispensável no início de um novo projeto. Uma visita presencial para absorver o que é o existente e o que está ao seu redor. Esta visita serve não apenas como inspiração, mas também e essencialmente por respeito ao existente. Da mesma forma que diferentes gerações convivem na mesma família, também no espaço onde habitamos unimos o velho e novo, o antigo e o recente. É deste respeito e convivência que nasce a riqueza artística da arquitetura.
Esta fase inicial inspira e conduz as fases seguintes: as de desenho e de projeto. Mais uma vez, importa referir que o património histórico inspira mas não bloqueia. Existe evolução arquitetónica, evolução na construção e no desenho. Se assim não fosse teríamos estagnado na Idade da Pedra. Mas é muito diferente criar um novo projeto que se enquadre na envolvência, do que deixar condicionar pelas construções já existentes. Não vamos criar uma nova construção toda de acordo com a arquitetura do século XVIII, só porque existem construções destas no local.
Um bom exemplo do que quero dizer pode ser encontrado na baixa de Lisboa, onde predomina a construção do séc. XVIII após o terramoto de 1755. E com essas construções vemos também outras dos anos 50 do séc. XX, com as suas características próprias, mas onde também já se observa construção nova, das primeiras décadas do séc. XXI, perfeitamente enquadradas, com a sua própria corrente artística e com uma visão própria do arquiteto, mas a conviverem pacificamente com toda a história da zona da cidade.
A arquitetura deve ter sempre como base o respeito pelo património histórico, não se deixando condicionar totalmente pelo contexto, para que haja evolução e desenvolvimento, mas para que se possa observar essa evolução de forma histórica, cultural, sociológica e patrimonial. A arquitetura vive do património histórico que herdamos, pelo que não usá-lo a nosso favor seria um enorme desperdício.