A associação à CAUSA permite ser solidário e ajudar com aquilo que arquitetos e engenheiros sabem fazer melhor. O resultado é que hoje, quase cinco anos depois, já reabilitamos 33 casas e 26 anexos, e este ano vamos completar outros 15 anexos.
Depois de uma pandemia e agora com uma guerra que nos ensombra o dia-a-dia, poderá ser mais difícil recordarmo-nos do ano de 2017, marcado essencialmente por dois grandes fogos.
Foi em outubro de 2017, que nasceu a CAuSA - Unidos por uma Casa, para que pudéssemos ajudar na catástrofe do incêndio no centro do país. Juntamente com uma escola de Lisboa, avancei para norte, como voluntário, para dar apoio a todos os que tanto perderam. Foi já no local que percebi que o apoio poderia também ser dado enquanto arquiteto.
Quem perdeu a casa teve uma casa nova, mas estes agricultores que perderam alfaias, tratores, barracões, hortas e animais, receberam apenas cinco mil euros.
As casas totalmente destruídas foram apoiadas pelo Estado na sua reconstrução, mas muitas outras, não tendo ardido, não tinham condições de habitabilidade e necessitavam de um profundo trabalho de recuperação. Foi perante este cenário que nasceu a Associação CAuSA - Unidos por uma casa, que pretende levar a arquitetura a quem não a tem. Nesse primeiro verão trabalhamos com a Just a Change para reabilitar 30 casas, com a contratação de empreiteiros locais coordenados por grupos de voluntários na reconstrução das casas. Aqui, o meu papel foi o de identificar as casas, juntamente com as autarquias de Santa Comba Dão, Tondela e Arganil, e fazer os projetos de arquitetura, medições e orçamentos.
Foi em Tondela que nos pediram para recuperar alguns anexos agrícolas, porque 90% dos lesados foram agricultores de subsistência, pessoas que não ficaram sem habitação mas ficaram sem todo o seu sustento. Quem perdeu a casa teve uma casa nova, mas estes agricultores que perderam alfaias, tratores, barracões, hortas e animais, receberam apenas cinco mil euros.
A ambição da associação, que está mesmo no início, é vir a ser uma associação de empresas de arquitetura e engenharia, porque os arquitetos e os engenheiros não têm uma vertente de responsabilidade social mas têm imensa vontade, faltando-lhes tempo e iniciativas.
Nestes casos, a CAuSA construiu anexos agrícolas, multifunções, inspirados na construção tradicional do modelo dos espigueiros do norte, reaproveitando a madeira ardida, que foi recuperada nas serrações locais. O anexo custa 3500 euros, cerca de metade do preço de mercado, é feito com mão-de-obra local, devolve esperança e dignidade e evita a proliferação da construção de barracas em chapa.
Daqui começamos a crescer em ideias e em concretizações. Hoje implementamos este projeto numa escala maior, que envolve as cozinhas sociais das aldeias. Em Arganil, por exemplo, contamos com o apoio da Santa Casa da Misericórdia no levantamento dos casos, por estar muito próxima da população, através de uma equipa de apoio ao domicílio, que leva refeições às pessoas.
Aqui, o pretendido foi o de interligar os agricultores com estas cozinhas, que compram os legumes nos supermercados. Com a compra do anexo, ou de uma parte, nem que seja simbólica, o agricultor ficaria ligado a uma cooperativa, podendo produzir legumes para vender a estas cozinhas sociais. A ambição da associação, que está mesmo no início, é vir a ser uma associação de empresas de arquitetura e engenharia, porque os arquitetos e os engenheiros não têm uma vertente de responsabilidade social mas têm imensa vontade, faltando-lhes tempo e iniciativas.
A associação à CAUSA permite ser solidário e ajudar com aquilo que arquitetos e engenheiros sabem fazer melhor. O resultado é que hoje, quase cinco anos depois, já reabilitamos 33 casas e 26 anexos, e este ano vamos completar outros 15 anexos. Depois desta tempestade veio a bonança. Agora e no futuro, esperamos que assim seja sempre.